Desde que fiquei grávida pela primeira vez que quis ter um parto na água. Para mim, estar na água é algo muito relaxante e positivo (gosto muito de tomar banhos de imersão) e, além disso, eu sabia que é uma forma de atenuar as dores de parto e do bebé nascer de uma forma menos “chocante” para ele.
Infelizmente na minha primeira gravidez o desejo de ter um parto na água não se concretizou apesar de eu ter esse plano e de parte do trabalho de parto ter acontecido na água!
Nesta segunda gravidez, o meu plano de parto era exatamente igual ao primeiro: parto sem intervenções desnecessárias, sem epidural ou outros analgésicos, sem episiotomia, e um parto na água. Desta vez… o meu desejo concretizou-se!
Passo a explicar como foram as últimas semanas da gravidez e o momento em que conheci a minha pequenina:
A minha filha Priscila estava prevista para dia 16 de dezembro, mas quando eu estava com 34 semanas tinha alguns sinais que pareciam indicar que seria para antes. Com 35 semanas a obstetra confirmou essa suspeita e disse para eu não fazer grandes esforços de forma a não ter a bebé cedo demais. Então é claro que eu fiquei com a ideia de que ela iria nascer antes das 40 semanas, ou até bem antes.
Cheguei às 36 semanas e nada. Cheguei às 37 e nada. Quando cheguei às 38 a obstetra queria fazer um descolamento das membranas para acelerar as coisas mas eu e o meu marido decidimos que não queríamos enveredar por esse caminho, pois queríamos que ela viesse quando ela estivesse pronta e que fosse um parto o mais natural possível. Para mim o ideal era que ela nascesse às 39 ou 40 semanas para estar bem formada, mas também não prolongar muito a gravidez. Mas, como acontece muitas vezes no “mundo dos bebés”, as coisas nem sempre acontecem como se espera ou quer e… acabei por passar das 40 semanas! A verdade é que aquelas últimas semanas foram difíceis por causa do peso e outros sintomas de gravidez, mas, ao mesmo tempo, eu sentia que o mais importante de tudo é que ela nascesse saudável, e na altura em que ela estivesse pronta.
Com o passar do tempo, e como ela não nascia, comecei a pensar que seria bom se nascesse depois do natal, para podermos estar com as respetivas famílas antes das grandes alterações provocadas pela chegada de um recém-nascido. Acho que a Priscila ouviu o meu desejo e decidiu vir no dia depois do natal!
Quando chegou o dia 26 de dezembro estávamos em casa, depois de dois dias cheios de muitas prendas e guloseimas, e lembro-me naquela manhã de pedir ao meu marido para tratar de algumas coisas que eu sentia que deviam ser tratadas antes da bebé nascer.
De tarde, quando a minha filhota estava a fazer a sesta, o meu marido também dormiu, algo que é muito raro! Na altura achei engraçado e pensei que talvez fosse o corpo a pedir, já que ele não iria dormir tão bem naquela noite, se a bebé nascesse (o que realmente aconteceu!). Eu não tinha sono e fui ver uma série no computador, e foi aí que comecei a sentir uma ou outra contração (bastante espaçadas, 20 minutos e depois 15). No entanto, consegui continuar a ver o episódio e achei por bem esperar para ver se era mesmo o trabalho de parto a começar. Pouco tempo depois as contrações já aconteciam de 10 em 10 e depois de 7 em 7 minutos! Entretanto o meu marido tinha-se levantado e depois de eu lhe contar o que se estava a passar ficou em estado de alerta e deu-me o TENS para ajudar a aliviar a intensidade das contrações.
Quando as contrações começaram a ficar mais fortes, passei o tempo a andar de um lado para o outro no quarto e no corredor porque o movimento me ajudava imenso a gerir a dor! Quando estava na fase dos 7 minutos (por volta das 16h30), a minha sogra chegou para tomar conta da minha filha mais velha e uns 10 minutos depois chegou a parteira que disse que o melhor era ir para o hospital.
Lembro-me que a viagem de carro foi bastante difícil, estava naquela fase em que as contrações doíam muito e precisava de espaço para me movimentar.
Quando chegámos ao hospital demorou algum tempo para nos deixarem ir para o bloco de partos (na verdade foram só 5 minutos mas para mim parecia uma eternidade!).
Quando chegámos tivemos que esperar uns 40 minutos até encherem a banheira! Na verdade, eu acho que durante aquele tempo de espera eu poderia já ter dado à luz mas eu não me sentia completamente preparada para ter a bebé até que entrasse dentro da água, o sítio onde eu me sentia mais segura.
Não foi nada de admirar que depois de entrar na piscina demorou apenas uns 20 minutos até a Priscila nascer, às 18.23 da tarde. O parto demorou no total menos de 4 horas!
Posso dizer que quando a minha filhota nasceu foi um momento mágico! Lembro-me que ela ficou debaixo da água alguns segundos até vir à superfície e estava tão calma que não chorou até o momento que a tiraram do meu colo!
Esta experiência de parto foi completamente fantástica! Por um lado, o fato de ser completamente natural e de ambas estarmos completamente cientes de tudo que estava a acontecer, por outro lado, pela grande calma com que ela nasceu. Para além disso, a experiência também foi muito boa porque não foi preciso levar pontos e a recuperação após o parto foi muito rápida.
Fiquei mesmo feliz com a experiência e espero voltar a repetir, se Deus quiser!